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Fruto da terra: O cacau que está transformando vidas em Mato Grosso

No estado que é o maior produtor de grãos, algodão e carne bovina no país, também tem espaço para o cultivo de cacau que, aliás, vive um momento promissor, com produtores animados com a atividade. Em Colniza, região noroeste de Mato Grosso, há produtor estimando colher nesta temporada entre 800 quilos e um mil quilos da fruta.
A produção de cacau em Mato Grosso ainda engatinha. São aproximadamente 800 hectares, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que na última safra renderam cerca de 430 toneladas.
O município de Colniza é responsável pela maior parte deste volume. E, é lá que fica o Sítio Corumbiara, propriedade de 50 hectares, que prevê nesta safra colher entre 800 quilos e um mil quilos da fruta que dá origem ao chocolate.
Com produção diversificada, a propriedade tem a cacauicultura a principal aposta. São mais de 1,5 mil pés em produção entre clonais e os “comuns”, como diz o produtor Gilson Rodrigues de Souza.
Natural de Rondônia, Gilson chegou à Colniza com cerca de quatro anos no final da década de 1990 com a família. As sementes plantadas por seu pai vieram, inclusive, do estado de origem da família.
“Viemos para cá com a intenção de arrumar terra. Hoje já está com produção de roça, café, cacau e gado”, comenta ele ao programa Senar Transforma desta semana.
Dos pés de cacau plantados há quase três décadas pelo pai de Gilson, restam cerca de 500. São árvores frondosas, espalhadas pelo quintal da propriedade. Já os primeiros clonais foram cultivados há pouco mais de três anos, quando o produtor ficou interessado no maior potencial produtivo, dando início a uma nova fase da atividade no sítio.
Segundo o produtor, com o cacau clonal com 20 frutas ele consegue tirar um quilo, enquanto que com o comum são necessários colher de 28 a 30 frutas para se ter um quilo.
Preço estimula a produção de cacau
De acordo com o produtor, os preços do cacau subiram de um ano e meio para cá. O quilo saltou de R$ 10 para R$ 43 em Colniza.
E o bom momento da atividade encoraja novos investimentos e abre mais espaço para a fruta no sítio. Hoje, além da área em produção, Gilson conta com aproximadamente 800 pés clonais já plantados e em desenvolvimento e prepara novas mudas para o futuro.
“A expectativa é de crescer na produção, melhorar as qualidades, a irrigação e a adubação”, frisa o produtor.

O foco no melhor manejo ficou ainda mais com a entrada do sítio na lista de propriedades atendidas pelo Programa de Assistência Técnica e Gerencial do Senar Mato Grosso, a ATeG, há dois anos.
Flávia Firmini de Lima Souza é supervisora da ATeG na região noroeste de Mato Grosso e atende seis municípios: Colniza, Cotriguaçu, Juína, Juara, Tangará da Serra e Diamantino. Conforme ela, a cacauicultura dentro da fruticultura, em especial na região em questão, é muito forte.
“Aqui predomina a agricultura familiar. A pecuária na nossa região é muito forte, mas os pecuaristas normalmente dentro das suas propriedades possuem uma atividade que a gente chama de secundária. E geralmente temos a cafeicultura e fruticultura”.
A especialista do Senar Mato Grosso destaca que a região também é muito forte na produção de banana e o cacau vem adentrando nas propriedades em consórcio com tal cultura.
“Os produtores de banana que estão em renovação de área já começaram a se atentar à essa nova cultura que está vindo, que está com um preço atrativo”, pontua Flávia ao programa do Canal Rural Mato Grosso.
Quando os atendimentos em Colniza, conta a supervisora da ATeG do Senar Mato Grosso, dentro da frente da cacauicultura foram iniciados em 2023, 18 produtores eram atendidos, dos quais 11 estavam com a produção em formação.

Já em Juína dois produtores são atendidos pela ATeG Fruticultura, com os quais o técnico de campo vem trabalhando na ampliação da área produtiva.
“Para 2026 nós esperamos atingir em torno de 15 produtores atendidos pela ATeG Fruticultura dentro do município de Juína com o consórcio de banana com cacau. Como a cultura é sensível, ela precisa de um sombreamento inicial. Então, o técnico está fazendo toda uma preparação da área, uma dinâmica com os produtores para depois implantarmos o cacau”.
Em Cotriguaçu a frente de trabalho com o cacau está para iniciar com um grupo de produtores através da ATeG Fruticultura.
“Essa alta que nós tivemos no cacau favoreceu muito o desenvolvimento da cultura. E como o cacau é uma commodity, veio o preço. Tivemos um cenário ruim, principalmente nos países da África onde tivemos uma queda de produção brusca. Então, hoje está faltando cacau no mercado e com isso chegamos a bater recordes de preços na bolsa. Tivemos um produtor em Juína que conseguiu vender o quilo de cacau a R$ 65”, comenta a supervisora.
Produtor amparado em todos os lados
Os produtores atendidos pela ATeG recebem visitas mensais, com cerca de quatro horas de duração. A supervisora explica que durante os atendimentos, os assistidos recebem informações e orientações tanto sobre a parte técnica de produção quanto sobre a gestão da propriedade.
“O produtor é amparado em todos os lados para que a atividade que está sendo desenvolvida seja rentável e produtiva, porque não queremos que o produtor desista e tenha que vender a propriedade para poder sustentar a sua família”.
Com a colheita do cacau prevista para ocorrer até o final de agosto, o produtor Gilson frisa que a cultura para ele e a sua família “é a fonte de renda que está melhor”.
“É uma lavoura mais duradoura. Ela tem durabilidade de até 30 anos. E o preço está bom. É mais fácil de trabalhar, pois pega mais sombra. O cacau na região está chegando agora. Muita gente estava desanimada com ele e devido ao preço e o aparecimento da muda clonal, muita gente está plantando”, diz o produtor, que espera com a renda do cacau terminar de construir a casa na propriedade.
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Semana negativa para a soja em Chicago, com pressão da ampla oferta e clima favorável nos EUA

A semana foi marcada por fortes baixas no mercado internacional da soja. Na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT), os contratos futuros do grão encerraram o período pressionados por uma combinação de fatores: clima favorável ao desenvolvimento das lavouras nos Estados Unidos, ampla oferta global e o recente cessar-fogo entre Irã e Israel, que reduziu o temor de interrupções logísticas ou energéticas.
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Segundo o analista e consultor da Safras & Mercado, Rafael Silveira, os preços seguem sofrendo com o volume recorde vindo da América do Sul. “O Brasil já exportou 60,551 milhões de toneladas de soja na temporada 2024/25, e a Argentina, 22,337 milhões. Ambos ainda têm praticamente o dobro disso disponível para o mercado”, explica.
Pressão no mercado físico brasileiro
No Brasil, o cenário externo somou-se à valorização do real frente ao dólar, provocando pressão adicional sobre os preços internos. A semana foi de negócios pontuais, sem grande movimentação. Em Rondonópolis (MT), os preços indicativos fecharam a R$ 115 por saca (FOB) para entrega em junho. Já em Lucas do Rio Verde, as ofertas de compra ficaram entre R$ 110 por saca, com o mesmo prazo de pagamento.
Foco na próxima semana da soja
As atenções do mercado se voltam agora para os relatórios do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que serão divulgados na segunda-feira, dia 30. Serão apresentados dados atualizados sobre a área plantada com soja e os estoques trimestrais em 1º de julho.
A expectativa de analistas e corretores internacionais é de estoques de 971 milhões de bushels, ligeiramente acima dos 970 milhões registrados no mesmo período do ano passado. Em março, o estoque era de 1,910 bilhão de bushels.
Já a área plantada com soja em 2025 deve atingir 83,648 milhões de acres, superando levemente a intenção divulgada em março (83,495 milhões), mas ainda abaixo da área efetiva de 2024 (87,050 milhões). As estimativas variam entre 83 e 85 milhões de acres, segundo analistas consultados.
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Safra global de grãos terá alta em 2025/26 puxada pelo milho

O Conselho Internacional de Grãos (IGC) elevou sua projeção para a produção mundial de grãos em 2025/26 para 2,377 bilhões de toneladas, crescimento de 3% sobre o ciclo 2024/25 e alta de 2 milhões de toneladas ante o relatório divulgado no mês passado.
O volume marca uma recuperação significativa após o período de contração em 2024/25, com impulso principalmente do milho.
O consumo global foi ajustado para 2,373 bilhões de toneladas, alta mensal de 1 milhão de toneladas, devido ao crescimento nas demandas para alimentação, ração e uso industrial. Os estoques finais foram projetados em 586 milhões de toneladas, acréscimo de 1 milhão de toneladas sobre a previsão passada.
As reservas mundiais devem crescer pelo segundo ano consecutivo, apesar da nova queda nos estoques de trigo, refletindo o aumento da produção e o leve crescimento dos estoques de milho nos Estados Unidos.
O comércio internacional de grãos em 2025/26 deve alcançar 430 milhões de toneladas, alta de 2% ante 2024/25, impulsionado principalmente por maiores embarques de trigo.
A projeção para a produção global de soja em 2025/26 foi mantida em 428 milhões de toneladas, com aumento anual de 1% e novo recorde, impulsionado por maiores colheitas na América do Sul. O consumo foi mantido em 427 milhões de toneladas, enquanto os estoques finais subiram 1 milhão de toneladas no comparativo mensal, para 83 milhões de toneladas.
Apesar da leve queda prevista nas reservas totais, os principais exportadores podem acumular volumes próximos ao maior nível em sete anos. O comércio global deve crescer ligeiramente, para o recorde de 183 milhões de toneladas.
A estimativa para a produção mundial de arroz em 2025/26 foi elevada em 3 milhões de toneladas ante o mês anterior, para 544 milhões de toneladas, impulsionada por ganhos na Índia e nos cinco maiores produtores. O consumo deve subir 1%, e os estoques globais cresceram 5 milhões de toneladas na comparação mensal, com destaque para o avanço das reservas indianas, que se aproximam de 50 milhões de toneladas. As exportações seguem projetadas no pico de 60 milhões de toneladas.
A produção de lentilhas deve avançar 2% em 2025/26, após forte crescimento no ano anterior. A ampliação da oferta pode sustentar aumentos no consumo e nos estoques. O comércio global em 2025 foi reduzido em 4%, para 4,7 milhões de toneladas, refletindo a menor demanda da Índia. A previsão para 2026 é de estabilidade nesse patamar.
Safra 2024/25
Para a temporada 2024/25, o IGC elevou em 3 milhões de toneladas a estimativa de produção global de grãos, para 2,313 bilhões de toneladas, devido exclusivamente à revisão para cima do milho. Apesar da alta, o volume permanece inferior ao de 2023/24, de 2,319 bilhões de toneladas.
O consumo foi ajustado para 2,328 bilhões de toneladas e os estoques subiram para 582 milhões de toneladas, o que ainda representa queda de 24 milhões de toneladas no comparativo anual.
A projeção de comércio foi elevada em 5 milhões de toneladas, para 423 milhões de toneladas, com foco no trigo. Segundo o conselho, a oferta total de grãos continua apertada, com estoques globais estimados no menor patamar em dez anos.
O milho deve encerrar 2024/25 com 276 milhões de toneladas estocadas, 19 milhões de toneladas abaixo do registrado no ciclo anterior. Para o trigo, os estoques foram ajustados para 268 milhões de toneladas, com produção estimada em 798 milhões de toneladas e consumo em 802 milhões de toneladas.
O IGC também atualizou seu índice global de preços de grãos e oleaginosas (GOI), que caiu 2% em junho. O recuo foi puxado pelas cotações de milho, com queda de 7%; arroz, com baixa de 3%; e cevada, diante de oferta robusta e fraca demanda global.
O subíndice do trigo também caiu 2% com a pressão da colheita no Hemisfério Norte. Já o índice da soja ficou estável, com variações mistas entre as principais origens.
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Ibrafe e USDBC alinham e cooperação internacional em prol dos feijões

Na última semana, acompanhei no interior do Paraná a visita do United States Dry Bean Council (USDBC), o conselho americano que há décadas promove o consumo de feijões nos Estados Unidos e no mundo. Vieram avaliar nossa safra de feijão-preto — um dos destaques das exportações brasileiras — e trouxeram algo ainda mais valioso: disposição para compartilhar conhecimento, ideias e experiências.
O USDBC é um exemplo global de estratégia bem-sucedida de promoção. Nos EUA, eles não apenas fortalecem as exportações, mas também estimulam o consumo interno com campanhas educativas, divulgação de receitas, informações nutricionais e parcerias locais, incluindo escolas. Trabalham lado a lado com o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) e governos estrangeiros para abrir mercados, organizar eventos e compartilhar conhecimento técnico. É uma política de longo prazo que valoriza o produto, gera renda para produtores e torna o Feijão um alimento presente na mesa das famílias americanas.
Esse contraste entre a abordagem americana e nossa realidade salta aos olhos. Historicamente, o agro brasileiro foi marcado pelo individualismo: cada produtor vendo o outro mais como concorrente do que como parceiro. Essa “velha escola” ainda predomina em muitos segmentos, dificultando avanços em inovação, acesso a mercados e até mesmo na adoção de práticas que poderiam beneficiar toda a cadeia produtiva.
A visita do USDBC mostrou outro caminho, mais moderno e colaborativo. Mesmo com o Brasil deixando de ser possível importador e passando a ser exportador de feijões, a entidade americana entende que há muito espaço para troca de ideias e franca colaboração.
No âmbito internacional há muito para colaborar. Se somarmos esforços em aumentar o consumo mundial ambos os países sairão ganhando.
Durante a visita, os americanos compartilharam experiências sobre campanhas educativas em escolas, que ajudam a formar o hábito do consumo de feijões desde a infância. Isso é especialmente relevante para o Brasil, que já tem um programa que teoricamente prevê o consumo de feijão e arroz nas escolas, mas carece de despertar o orgulho das crianças em consumir o feijão, criando paixão.
Por que não avançar mais? Integrar campanhas educativas, valorizar a produção local e fortalecer o vínculo entre campo e cidade pode gerar resultados sociais e econômicos relevantes. Ao aproximar produtores e consumidores, especialmente em políticas públicas de alimentação escolar, podemos criar um ciclo virtuoso que valoriza o feijão brasileiro, gera renda para agricultores familiares e melhora a segurança alimentar.
Em 2025, o Brasil esta colhendo uma safra recorde de feijão-preto e precisa ampliar suas exportações. Mas para transformar esse bom momento em estratégia de longo prazo, será necessário adotar ações coletivas para lidar com excedentes, volatilidade de preços e abertura de novos mercados. Cooperar é essencial para agregar valor, ganhar escala e conquistar novos consumidores.
Essa mudança de mentalidade exige investimento em educação. Não apenas técnica, mas também em habilidades consideradas secundárias por muito tempo: comunicação, confiança, trabalho em equipe. É preciso desmistificar o medo de compartilhar informações, mostrar as vantagens do cooperativismo e inspirar novas lideranças capazes de articular interesses coletivos.
A visita do USDBC ao Paraná foi mais do que um evento técnico ou comercial. Foi um marco simbólico dessa transição entre dois modelos. Mostrou, de forma prática, que abrir as portas para o diálogo e o intercâmbio de ideias pode acelerar a adoção de estratégias mais inovadoras no Brasil. Não se trata de copiar modelos, mas de aprender com quem já percorreu esse caminho para adaptá-lo à nossa realidade.
O futuro do agro brasileiro depende dessa capacidade de colaboração. Precisamos enxergar o potencial transformador da soma de esforços, seja para enfrentar a volatilidade dos preços, abrir novos mercados ou educar os consumidores sobre o valor nutricional e cultural do feijão. Só assim vamos consolidar nossa posição de liderança não apenas na produção, mas também na promoção do consumo e na inovação do mercado global de feijões.
*Marcelo Lüders é presidente do Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses (Ibrafe), e atua na promoção do feijão brasileiro no mercado interno e internacional
O Canal Rural não se responsabiliza pelas opiniões e conceitos emitidos nos textos desta sessão, sendo os conteúdos de inteira responsabilidade de seus autores. A empresa se reserva o direito de fazer ajustes no texto para adequação às normas de publicação.
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